Filtrar por

  • até

“Ninguém conhece mais onde estão e quais são os riscos da corrupção que os empresários” diz Alma Balcazar Romero, especialista em promoção da integridade

cityname-destaques

Acordos voluntários entre empresários são uma importante frente de combate a corrupção, é que defende Alma Rocio Balcazar, consultora que trabalhou no capítulo colombiano da ONG Transparência Internacional por mais de dez anos. “Ninguém conhece mais onde estão e quais são os riscos da corrupção em cada setor que os empresários”, comenta Alma. Ela esteve no Brasil nesta quarta-feira (28/9) para realizar oficina de sensibilização com empresários para a criação de acordos voluntários entre empresas de diversos setores.

Durante os últimos sete anos, Alma Rocio Balcazar coordenou a implementação dos Acordos Setoriais da Transparência Colômbia. O primeiro deles foi o Acordo Transparente entre as empresas fabricantes de tubos e conexões, fundado em 2005. Reunindo companhias nacionais e multinacionais concorrentes entre si sentaram na mesma mesa para identificar onde estavam os riscos para corrupção e como poderiam combatê-los. Essa metodologia parte do princípio que uma parte significativa de empresas de um ramo econômico pode influenciar o comportamento de todo o setor. Após a experiência na Colômbia, dezenas de países já criaram estruturas parecidas.

Alma Rocio Balcazar conta que “por mais que os empresários conheçam como ninguém os problemas do seu setor, os verdadeiros riscos para corrupção são os que mais difíceis de aparecer nas rodadas de conversar”. Para contornar esse problema, os acordos começam analisando os marcos regulatórios e as práticas empresárias do setor em outros países.

Depois de analisar o setor, as empresas começam a elaborar propostas de como combater esses problemas. A lista de questões abordadas é grande, vai desde combater o suborno para garantir que uma empresa ganhe uma licitação, passando por regras de doações para campanhas políticas, instituições de caridade até normas para gastos com brindes e ações de hospitalidade para agentes públicos.

Segundo Alma, as medidas propostas têm que ser viáveis, para que os empresários possam cumprir, no entanto, é comum que as regras estabelecidas nos acordos sejam mais avançadas e amplas do que a legislação local.

 

Ações concretas
Para garantir a efetividade dos acordos é necessário criar uma estrutura de acompanhamento e sanções aquelas empresas signatárias do pacto mas que não estejam cumprindo o acordo. Outras ações envolvem divulgação para a população e os governos sobre o acordo. Uma das estratégias adotada em acordos em outros países é publicar em jornal de circulação nacional quais onde estão os preços praticados pelas empresas fazem parte do acordo. Isso impede ações de superfaturamento em licitações, seja por parte do governo ou por parte de empresas.

A consultora também destaca que os acordos criam melhores condições para as denúncias de corrupção por parte dos empresários. “Se um empresário denuncia sozinho um caso corrupção, tem chance de sair rapidamente do mercado. Ao denunciarem como um grupo que trabalha por maior integridade nas relações comerciais, garante um maior respaldo e proteção”, declarou.

 

Oficina
A consultora veio ao Brasil a convite do Instituto Ethos para auxiliar na implementação de uma das atividades previstas no projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios, a criação de quatro acordos voluntários em empresas chave para o combate a corrupção nos investimentos da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Ofician de sensibilização para a construção de acordos empresariais setoriais de combate a corrupção. Foto: Divulgação/Instituto Ethos

Nesta última quarta-feira (28/9), Alma Rocio Balcazar coordenou uma oficina com a presença de representantes de 13 empresas de diversos setores: AES Brasil, Alston, Anhanguera Educacional, BP Biofuels, Brasil Foods (BRF), EDP Energia do Brasil, General Eletric, ICTS Global, Petrobrás, Siemens, Toshiba, Suzano e o escritório de advocacia Machado Meyer. Também estiveram presentes a BM&Bovespa, a Fundação Dom Cabral (FDC) e as federações de indústrias dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais (Firjan e Fiemg).

O projeto Jogos Limpos trabalha para estimular a criação de acordos setoriais entre empresas dos seguintes ramos: saúde e equipamentos hospitalares; construção civil; energia e transporte.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *