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Entenda o crescimento do Brasil no ranking do Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional

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O Brasil ficou em 69º lugar entre os 175 países avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado no último dia 3 de dezembro pela organização Transparência Internacional (TI). No ano passado, o país tinha ficado em 72º lugar entre 177 países. A nota brasileira passou de 42 para 43, em uma escala que varia de 0 a 100 – quanto maior nota, menor é a percepção da corrupção no setor público em um país.

Nas palavras de Alejandro Salas é o diretor para as Américas da ONG Transparência Internacional “um crescimento de um ponto e isso é insignificante. Não há razão para celebrar.”

Salas lembrou ainda que o Brasil ficou junto com outros 69% dos países do mundo que fizeram menos de 50 pontos no Índice. Com os mesmos 43 pontos que o nosso país estão: Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Suazilândia.

Na realidade esse crescimento entre 2013 e 2014 é o retorno ao patamar anterior do Brasil. Em 2012, o primeiro ano que o IPC passou adotar a atual metodologia, o índice brasileiro também foi 43 pontos.

Entre os países que formam o bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o índice brasileiro só fez menos pontos que a África do Sul (44 pontos) e ficou a à frente da Índia (38), da China (36) e da Rússia (27). Mais uma vez, a Dinamarca lidera o ranking como o país com o menor índice de corrupção no setor público e alcançou nota 92. Em segundo lugar, está a Nova Zelândia, com 91. Completando a lista dos cinco primeiros colocados estão a Finlândia, em terceiro; a Suécia, em quarto; e a Noruega e a Suíça, em quinto lugar. Em último no ranking estão a Coreia do Norte e a Somália, ambos com oito pontos.

 

Como é calculado o IPC?
O índice divulgado no dia 3 é na verdade uma ponderação do resultado de 12 pesquisas sobre a opinião de especialistas. Geralmente esses estudos tratam de vários assuntos, mas a TI utiliza apenas as perguntas relativas à corrupção. Os entrevistados variam de executivos de grandes empresas, funcionários públicos de alto escalão, juristas, professores até jornalistas.

Para um país ser incluído no IPC é necessário que ele seja avaliado por pelo menos três dessas pesquisas. O Brasil, neste ano, foi avaliado em sete delas, veja quais foram abaixo:

  • Índice de Transformação 2014, da Fundação Bertelsmann
  • Anuário 2014 da Competitividade Mundial, do IMD
  • Serviços de Riscos Políticos 2014, do Guia Internacional de Risco País
  • Pesquisa de Opinião com os Executivos de 2014, do Fórum Econômico Mundial
  • Índice do Estado de Direito, do World Justice Project
  • Classificação de Riscos dos Países de 2014, da Economist Intelligence Unit
  • Classificação de Riscos dos Países de 2014, da Global Insight.

Vendo as notas do Brasil em cada uma dessas pesquisas, nota-se que em apenas três delas houve alguma mudança. Veja a tabela:

AnoRankPontuaçãoPesquisas UtilizadasBertelsmannIMDGuia Internacional de
Risco País
Fórum Econômico MundialWJPEIUGIÍndice de
Pagamento de Suborno
20146943762324135423852
2013724286235413045385237
2012694385831503545385237

O país caiu três pontos percentuais na pesquisa feita pela escola de negócios IMD e na realizada pela ong World Justice Project (WJP). A primeira delas, o Anuário da Competitividade Mundial (http://www.imd.org/wcc), é um levantamento da opinião de executivos e empresários sobre temas de seu país de origem. A pergunta é simples: existe ou não corrupção e propina? A resposta é feita em uma escala em que quanto maior a nota, menor é a percepção a corrupção.

Já a pesquisa do Índice do Estado de Direito (http://worldjusticeproject.org/rule-of-law-index/) é a única das utilizadas pela TI que inclui cidadãos comuns entre os entrevistados, mas com um peso menor do que os especialistas que também respondem às mesmas perguntas. As questões sobre corrupção seguiram um padrão: se é comum que um parlamentar utilize o cargo para fins pessoais. A mesma pergunta era feita trocando o sujeito por um governante, um policial, um juiz etc. O que fez a nota da pesquisa do WJP diminuir foi a queda na confiança em relação aos parlamentares brasileiros.

Por outro lado, o Brasil subiu cinco pontos percentuais no levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial (http://www.weforum.org/). Como o estudo da IMD, também são entrevistados empresários e executivos. Eles são perguntados se é comum as empresas pagaram propina, por exemplo, para conseguir licenças, decisões jurídicas ou liberações alfandegárias.

Além disso, em 2014 a Transparência Internacional deixou de utilizar a nota de seu estudo Índice de Pagamento de Subornos para compor o IPC. A nota dessa pesquisa era menor do que a média final do Brasil, puxando o índice para baixo.

China piora na Corrupção
A variação de um ponto no IPC Brasil também está dentro do que a Transparência Internacional considera margem de erro da pesquisa. Segundo a ONG, só variações acima de 4 pontos entre um ano e outro são significativas. Entre 2013 e 2014, apenas 7 países melhoraram a cima da margem de erro e os índices de 5 nações apresentaram quedas maiores do que esse valor. Conheça-as na tabela abaixo:

NomeRanking 2014Índice 14Ranking 2013Índice 2013Variação em pontos
Costa do Marfim11532136275
Egito9437114325
São Vicente e Granadinas296733625
Suazilândia694382394
Mali11532127284
Afeganistão1721217584
Jordânia554966454
Angola1611915323-4
China100368040-4
Malauí110339137-4
Ruanda55494953-4
Turquia64455350-5

 

A queda de quatro pontos da China, a segunda maior economia do mundo, mereceu destaque nas análises que a Transparência Internacional publicou junto com os resultados do IPC. A queda aconteceu apesar da campanha de combate à corrupção que o Partido Comunista Chinês mantém desde 2012, que incluiu a prisão de 50 lideranças regionais do partido.

Segundo a Transparência Internacional, o governo chinês falha em pontos como criar dificuldade para que suas empresas e cidadãos respondam processos fora do país, ao não regulamentar as ações empresariais privadas e a falta de liberdade de atuação da sociedade civil. Mas o principal ponto é ainda a falta de transparência das ações do governo.

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