Filtrar por

  • até

Secretário-Geral da FIFA Jérôme Valcke defende venda de cerveja e isenção de impostos para FIFA

cityname-destaques

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Volcker, reúnem-se com a comissão especial responsável pela análise do projeto da Lei Geral da Copa. Foto: Antonio Cruz/ABr

Durante participação em audiência da Comissão Especial da Câmara dos Deputados sobre a Lei Geral da Copa, Jérôme Valcke, Secretário-Geral da Federação Internacional de Futebol (FIFA), defendeu a venda de cerveja dentro dos estádios durante os jogos da Copa, a isenção de impostos para FIFA. Na reunião, realizada na última terça feira (8/11), Valcke também declarou disposta a negociar uma solução para garantir a meia-entrada para idosos e estudantes.

O plenário no congresso ficou lotado com a presença de 40 deputados, incluindo o presidente da casa, Marco Maia (PT-RS) e muitos assessores, jornalistas e representantes da sociedade civil. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, também foi ouvido pelo parlamentares, mas falou menos de cinco minutos, deixando a maior parte das respostas para Valcke.

O clima do encontro entre o Secretário-Geral da FIFA e os deputados começou amistoso, mas nas últimas perguntas a temperatura da reunião subiu. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) questionou a isenção de impostos federais concedida a FIFA, garantidos na Lei nº 12.350 de dezembro de 2010. Em seguida, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) declarou-se contrário a mudanças na legislação que possam ferir a soberania nacional. Mas o momento de maior tensão aconteceu quando o ex-jogador de futebol e hoje deputado Romário (PSB-RJ) questionou Valcke sobre uma carta em que o presidente da FIFA, Joseph Blatter o chama de “chantagista”.

Cópias dessa carta foram entregues durante a reunião e à presidenta Dilma Rousseff. Romário tambpem quis saber por que Blatter chamou Valcke de volta, seis meses depois de demiti-lo da FIFA, em 2001, por causa de problemas com a empresa de cartão de crédito Mastercard, uma das patrocinadoras da entidade na época.

A carta, segundo Romário, foi trazida a público pelo jornalista inglês Andrew Jannings, autor de um livro sobre corrupção na FIFA e que foi ouvido no mês passado na Comissão de Educação, Esporte e Cultura do Senado.

O secretário-geral da FIFA, visivelmente nervoso, declarou que o caso Mastercard “é uma cruz que carrega como uma pena” e que a levará “até o fim da vida”, mas não respondeu Às perguntas do deputado e ainda afirmou que que tudo “está superado há muito tempo”. Ele reconheceu a existência da carta de Blatter, no entanto não queria debater o assunto para não “chocar ninguém”. Reconheceu, porém, que o assunto é um dos temas da campanha do jornalista Andrew Jannings contra a FIFA.

Conheça melhor o posicionamento do secretário-geral da FIFA sobre meia-entrada, venda de cerveja, isenção de taxas, transporte e vendedores ambulantes.

Meia-entrada
O secretário-geral da FIFA admitiu que a entidade “não gosta” da ideia de meia-entrada para estudantes, mas disse que esse é um problema técnico e não financeiro. Segundo seu depoimento, seria difícil identificar quem são os estudantes que teriam acesso ao benefício e isso pode abrir uma brecha para a ação de cambistas. Na reunião que realizou com Dilma Rousseff em Zurique, ele compreendeu que não haveria como impedir o acesso a meia-entrada para as pessoas com mais de 60 anos já que esse direito é garantido por legislação federal, o Estatuto do Idoso.

Para resolver a questões, a FIFA propõe que os ingressos mais baratos para os jogos, a chamada categoria 4, sejam destinados prioritariamente para os estudantes e idosos, assim como pessoas de baixa renda. Os ingressos custariam aproximadamente 25 dólares, aproximadamente R$ 43. Somente os jogos de abertura e de encerramento ficariam de fora desse acordo.

De acordo com Valcke, a FIFA pretende disponibilizar 12% do total das entradas para esse tipo de ingresso de baixo custo e somente para brasileiros.

Essa categoria de ingresso mais barata foi criada para a Copa de 2010, realizada na África do Sul. No país africano, os valores dos ingressos da quarta categoria, normalmente cadeiras localizadas atrás dos gols, variava entre 140 Rands, ou 30 reais segundo cotação do Rand de hoje, para a fase de grupos, até 1050 Rands, 230 reais, na final.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) declarou que pode aceitar cotas de ingressos pela metade do valor para estudantes como acontece na cidade e no estado de São Paulo. A legislação nessas cidades, no entanto, fixa em 30% dos ingressos para meia-entrada estudantil, bem mais que os 12% dos ingressos da categoria 4.

 Proibição da venda de bebidas alcoólicas
A disposição para negociar a meia-entrada por parte de Valcke, não foi reproduzida no debate sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Ele defendeu a venda de cerveja em condições controladas, argumentando que isso ocorreu nas copas anteriores e não gerou guerras de torcidas nos estádios, nem mesmo em jogos de adversários históricos.

“A Fifa não está aqui para embebedar as pessoas”, declarou o executivo da FIFA. Mas ele ressalvou que a venda de cerveja nos locais dos jogos só será permitida em copos de plástico. Latas e garrafas serão proibidas. Valcke desafiou os deputados da Comissão Especial que analisa o projeto da Lei Geral da Copa a provar que a venda de cerveja causou algum tipo de problema relacionado à violência nas copas da Alemanha (2006) e da África do Sul (2010).

A Copa do Mundo é patrocinada pela cerveja Budweiser, da cervejaria InBev que tem participação brasileira no seu comando.

Transportes
Sobre o transporte de torcedores, ele afirmou ter conhecimento de que é um “pesadelo” se locomover em São Paulo e no Rio, por isso pediu linhas especiais para torcedores. Segundo ele, uma das formas de facilitar a mobilidade é criar um sistema de transporte público eficiente, de forma que os torcedores deixem os carros em casa.

Ambulantes e exposição de marcas nos estádios
Valcke disse ainda que a Fifa não interferirá no comércio de ambulantes nas proximidades dos estádios e explicou que haverá um perímetro de segurança de aproximadamente um quilômetro em torno dos estádios, no qual as marcas dos patrocinadores da Copa serão protegidas, isto é somente essas marcas poderão ser exibidas. Entretanto, segundo ele, essa regra se aplica a empresas e não a vendedores ambulantes.

De acordo com ele, os estádios precisam ser entregues livres de qualquer propaganda para a FIFA usá-los como arenas suas. Esse é outro ponto que a FIFA não abre mão. Para Valcke a medida é necessária para “proteger os parceiros” da federação. Ele garantiu que também não será permitida a propaganda de qualquer produto que não seja autorizado pela Fifa nos estádios.

Isenção de impostos
Em relação ao questionamento do deputado Anthony Garotinho a respeito da isenção de tributos federais, o secretário-executivo da FIFA disse a entidade não recebe recursos públicos. “Nós recebemos incentivos fiscais parecidos na Alemanha para organizar a Copa do Mundo de Futebol Feminino, quem disser ao contrário, estará mentindo”, afirmou categoricamente Valcke. Ele completou dizendo que o Comitê Olímpico Internacional (COI) também faz o mesmo tipo de exigência tanto em relação à impostos como para a proteção das marcas parceiras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *