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Atos no Rio de Janeiro e São Paulo questionam obras para a Copa 2014

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Pagé Kunue Kalapalo, do Xingu, pinta rosto de criança durante manifestação contra destruição de escola e prédio do antigo Museu do Índio para as obras do Maracanã. Foto: Vladmir Platonow/ABr

Neste sábado (1º/12) atos reuniram movimentos sociais no Rio de Janeiro e São Paulo questionando obras e medidas tomadas pelos governos federal e estaduais para a realização da Copa do Mundo e da Copa das Confederações. A data foi escolhida para marcar o contraponto ao sorteio da Copa das Confederações de 2013 em São Paulo. Distrito Federal, Natal e Curitiba também organizaram manifestações.

O ato Copa para Quem? reuniu integrantes de 50 movimentos sociais em São Paulo e centenas de pessoas no Rio.

De acordo com a integrante do Comitê Popular da Copa em São Paulo, Graziela Natasha Massoneto, o protesto quer mostrar que as copas não trazem só o futebol, mas sim muita especulação imobiliária, despejos de famílias inteiras e uso dos recursos públicos de maneira a não beneficiar toda a população. “Esse recurso público vai ser utilizado só para a elite porque o povo não vai poder participar efetivamente deste grande evento”.

Contra a concessão do Maracanã
No Rio de Janeiro a principal pauta de reivindicação era o fim do processo de licitação para concessão do Complexo do Maracanã para administração privada. O Instituto Ethos protocolou na semana passada uma carta pedindo que o governo fluminense suspenda o processo de licitação e realizasse audiência pública para debater o modelo de gestão para o complexo que incluí o Estádio Jornalista Mário Filho, o Estádio do Maracanã, o Ginásio Maracanãzinho.

O projeto de concessão prevê a demolição da Escola Municipal Friedenreich, do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e do antigo Museu do Índio, onde hoje vivem cerca de 30 índios na chamada aldeia Maracanã.

O pajé Kunue Kalapalo chegou de madrugada de sua aldeia, no Xingu, para apoiar a manifestação contra a derrubada do antigo museu, onde o marechal Candido Rondon iniciou o Serviço de Proteção ao Índio. “Nós estamos preocupados. Há muitos anos, meu avô esteve neste prédio para conversar com o marechal Rondon, que usava o local para receber os índios. Eu era pequeno nessa época. Precisamos manter o prédio, porque é um ponto de referência para nossa cultura”, disse o pajé.

O cacique Carlos Tukano, que ocupa o prédio com mais 35 índios, disse que a situação é dramática porque o governo do estado acaba de lançar o edital para a demolição do imóvel. Para evitar que isso aconteça, foram chamados índios de vários estados para ocupar o espaço. “Fizemos uma convocação e estão chegando índios do Espírito Santo, de Mato Grosso, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Ninguém vai arredar o pé. Vamos resistir até o final”, garantiu o cacique.

No Rio, um dos integrantes do comitê, Gustavo Mehl, explicou o motivo do protesto. “Temos um processo de privatização do Maracanã, um complexo esportivo no qual foi investido R$ 1,5 bilhão desde 1999. Isso é um desrespeito com o nosso dinheiro e com a coisa pública”, disse Mehl, contrário ao processo de privatização lançado pelo governo do estado em outubro deste ano, que vai conceder o estádio à iniciativa privada por 35 anos, em troca do recebimento de R$ 7 milhões anuais. A reforma do estádio para a Copa 2014 está orçada em quase R$ 900 milhões em recursos públicos.

Outro efeito das obras do Maracanã é o desalojamento de 350 estudantes da escola Friedenreich, que funciona ao lado do estádio. Pais de alunos participaram do protesto. “A escola está ali há 50 anos, passamos por vários eventos e nunca tivemos problema algum. Jogar esta escola no chão é demolir um projeto pedagógico que a transformou na décima melhor escola pública do Brasil, no segmento educação básica, e a quarta melhor do Rio de Janeiro”, protestou Carlos Sandes, que tem uma filha na escola.

O Ministério Público Estadual ingressou na Justiça, em 21 de novembro, com uma Ação Civil Pública contra o governo do estado e a prefeitura, pedindo a preservação da escola e impondo multa diária de R$ 5 mil, caso seja impedida a matrícula dos alunos. O governo do Rio alega que as alterações e demolições são necessárias para adequar o Maracanã às exigências da Federação Internacional de Futebol (FIFA) para a Copa 2014.

Com informações da Agência Brasil.

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