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Construtoras trocam acusações sobre a responsabilidade pela queda de viaduto em Belo Horizonte

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A queda do viaduto do Guararapes, no dia 3 de julho Belo Horizonte, está se tornando uma batalha de laudos e versões entre as duas empresas envolvidas com a obra. De um lado a Construtora Cowan, responsável pela execução da obra, e, do outro, a Consol Engenheiros Consultores, contratada pela prefeitura da capital mineira para elaborar o projeto e fazer os cálculos para a construção do viaduto.

A Cowan foi a primeira a ir a público, logo após a queda do elevado, que provocou a morte de 2 pessoas, publicando uma série de notas à imprensa. E no último dia 22 convocou uma coletiva de imprensa para apresentar um laudo de uma perícia técnica terceirizada.

O estudo apontou que uma falha no projeto elaborado pela Consol teria feito com que a estrutura do pilar central do viaduto não suportasse o peso da construção. Por conta dessa falha o pilar central afundou e a pista desabou. De acordo com o parecer, o projeto apontava uma carga de trabalho de 250 toneladas para o viaduto, mas necessário seria de 467 toneladas.

Catão Francisco Ribeiro, calculista contratado pela Cowan, disse, na entrevista coletiva, que a coluna central precisaria de uma quantidade 10 vezes maior de aço na sua estrutura para aguentar o peso da obra.

Ribeiro fez um alerta: outro viaduto construído sobre a mesma avenida, a D. Pedro I, seguiu o mesmo projeto e, portanto, corre risco de desabar. A recomendação do estudo foi a demolição imediata desse novo viaduto, o que já foi aceito pela Prefeitura do Belo Horizonte.

Responsabilidade da prefeitura
José Paulo Toller Motta, diretor da unidade de construção da Cowan, também presente à coletiva de imprensa, disse que a empresa não precisaria refazer os cálculos estruturais do projeto. “Nós somos supervisionados pela prefeitura em todas as etapas”, afirmou.

Segundo ele, o corpo técnico da prefeitura poderia ter identificado problemas nas medições parciais entregues regularmente.

Projeto não executado corretamente
No mesmo dia 22, a Consol se manifestou pela primeira vez sobre o caso. Por meio de uma nota à imprensa, a empresa contestou o parecer da Cowan e afirmou que o seu projeto não fora executado corretamente. Em um trecho da nota, a Consol afirmou: “por informações preliminares é possível observar divergências entre o projeto e a construção da obra, portanto (a Consol) aguarda o início da perícia oficial para a identificação dos reais fatores que contribuíram para o acidente”.

A Consol ainda disse que não acompanhou a execução das obras, nem teve acesso a documentos de controle, pois o contrato com a prefeitura foi encerrado em abril do ano passado.

O viaduto, que estava em fase de acabamento e seria entregue no final deste mês, faz parte do complexo de obras necessárias à implementação do BRT (do inglês Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus, na tradução livre) e era umas obras de mobilidade urbana prometidas para a Copa do Mundo em Belo Horizonte. O empreendimento custou até agora R$ 713 milhões, dos quais R$ 311 milhões são provenientes de recursos federais disponibilizados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana. O projeto de engenharia custou R$ 5,1 milhões, pagos pela prefeitura.

Famílias afetadas
Dois dias após a coletiva, 24/7, a Cowan se comprometeu com o Ministério Público de Minas Gerais em pagar a demolição do outro viaduto construído com o mesmo projeto do que desabou no dia 3 de junho.

Dois prédios serão evacuados nos próximos dias, na região da Pampulha, para garantir a segurança de 186 famílias durante a demolição da chamada alça norte. A empresa assinou um documento em que afirmava que pagará “as despesas de hospedagem provisória das famílias residentes no entorno” e que estão sendo removidas de suas casas.

Entretanto, a construtora não reconhece responsabilidade na tragédia. “A empresa Cowan, com a ciência e anuência do Ministério Público, sem admitir, implícita ou explicitamente, a assunção de qualquer responsabilidade, aceita arcar com as despesas de contratação de projeto de demolição e obras de demolição da alça do Viaduto ainda existente”, informa o documento.

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