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Legado da Copa do Mundo 2014 e da Olimpíada 2016 são tema de dabate na Rio+20

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Sediar Copa do Mundo, Olimpíada e conferências internacionais como a recente Rio+20 coloca qualquer país no centro das atenções mundiais. Divulga seus atrativos turísticos, movimenta sua economia e determina obras e melhorias que podem tornar-se um bom legado para os anfitriões. Todas essas vantagens, contudo, podem significar altos riscos, a começar pela má gestão dos recursos e endividamento excessivo do país-sede, como ocorreu com a Grécia. Como administrar esse cenário? Como preparar o Brasil para a Copa de 2014 e para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 evitando os impactos negativos desses megaeventos?

Esses temas também foram debatidos na Conferência das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, conhecida como Rio+20. Duas entidades do comitê nacional do projeto Jogos Limpos, o Instituto Ethos, que lidera a iniciativa, e o Pacto Global da ONU reuniram lideranças internacionais e autoridades e as convidou a delinear caminhos positivos possíveis.

Participaram do debate: Georg Kell, diretor-executivo do Pacto Global; Huguette Labelle, presidente do conselho da Transparência Internacional; Raquel Rolnik, professora da Universidade de São Paulo (USP) e relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito à moradia adequada; Jorge Bittar, secretário da Habitação da cidade do Rio de Janeiro; e Wagner Giovanini, diretor de Compliance da Siemens – área que assegura uma atuação ética e responsável nos seus negócios.

Gerog Kell abriu o debate avaliando que megaeventos esportivos têm um histórico grave de abusos financeiros, desvios de recursos, favoritismos e propinas. “A corrupção é uma força corrosiva no mundo. Tira dos pobres e dá a quem já tem muito”, alerta. O diretor-executivo do braço da ONU para empresas também comentou sobre o projeto que está sendo desenvolvido pelo Pacto Global: um manual para que empresas patrocinadoras de grandes eventos esportivos saibam como garantir que seus recursos sejam usados de maneira transparente e socialmente responsável. “A Fifa tem um longo histórico de corrupção e, vou dizer aqui algo em primeira mão para vocês, muitas das empresas que a patrocinam estão pensando cortar seus financiamentos por conta dessa falta de transparência.”

Para Kell, se o Brasil conseguir executar um processo transparente nos investimentos públicos, com controle efetivo da sociedade civil, e der um melhor exemplo na Copa e na Olimpíada, isto será um sinal marcante para o mundo. “Esta conduta poderá se alastrar para outros países que vão sediar esse tipo de evento”, prevê.

Huguette Labelle concorda: “Se todo passo (no uso dos recursos) estiver público e fácil de ser entendido, é possível combater a corrupção”. Para a presidente do conselho da Transparência Internacional, a chave está em acompanhar de perto como são tomadas as decisões e realizadas as escolhas. Essa capacidade de monitorar é essencial na prevenção de perdas e desperdícios. “Poder punir os desvios é importante, mas prevenir é melhor. Olhem o caso da Grécia. O país entrou em grave crise pela dívida adquirida durante a Olimpíada de 2004 e a investigação de onde foram gastos realmente os recursos poderá levar anos.” Para Labelle, se os grandes eventos esportivos apresentarem muito problemas com falta de transparência, ética e planejamento a sociedade corre o risco de desiludir os jovens, que costumam se entusiasmar com esses eventos.

Wagner Giovanini lembra que, embora o histórico do Brasil seja ruim em relação à idoneidade no uso de verbas públicas, as coisas estão melhorando. “Segundo dados da Controladoria-Geral da União, de2006 a 2012 ocorreram no país 17 mil prisões por crime de colarinho-branco”, informa o diretor da Siemens. A empresa alemã vem investindo em seu fortalecimento em todas as instâncias sociais e colabora com cerca de U$ 100 milhões anuais para projetos independentes anticorrupção, no mundo todopor meio do Siemens Integrity Initiative. O projeto Jogos Limpos e uma série de ações coletivas de estimulo ao combate à corrupção  do Pacto Global da ONU recebem recursos desse projeto.

A relatora especial da ONU para o direito a moradia, Raquel Rolnik, salientou que o Instituto Ethos está marcando uma mudança importante na cultura das empresas no país e na relação público-privada. No entanto, lembrou que, além do mau uso das verbas ligadas aos megaeventos, há muitos outros riscos. “Mesmo se tudo for feito com total correção, ainda assim haverá consequências, como a valorização do uso do solo nos locais que sediam os eventos, o que dificulta ainda mais o acesso a moradias dignas pela camada de menor remuneração”, declarou, acrescentando que mais grave ainda são as remoções forçadas, sem levar em conta as necessidades reais dos atingidos. “Os jogos podem não ser ‘limpos’ em várias dimensões e para combater isso é preciso uma coalizão muito ampla.”

O secretário Jorge Bittar reconheceu a necessidade de mais mecanismos de controle e relatou os esforços da cidade do Rio de Janeiro para estar preparada para os eventos previstos. Falou das melhorias no transporte público, das indenizações para as famílias removidas das áreas de obras para infraestrutura, que atualmente variam de R$ 40 mil a R$ 80 mil, do programa Morar Carioca e dos projetos para urbanizar todas as favelas da cidade até 2020, também ligados às melhorias de infraestrutura para sediar os grandes eventos. Sobre os riscos de o município ficar com construções muito grandes, esclareceu que “estamos atentos para evitar equipamentos que depois fiquem ociosos, só gerando custos. Buscamos soluções que sejam desmontáveis e provisórias”.

Raquel Rolnik salientou que, para entender a realidade com a qual se está lidando, é preciso ir às comunidades, visitá-las. “Há muitos técnicos comprometidos, querendo mudar a situação de pobreza e de vulnerabilidade. Mas o planejamento não dá conta, por exemplo, de famílias numerosas, lideradas por uma mulher. O mercado a discrimina e não lhe facilita o acesso a um imóvel, pela indenização oferecida. O carroceiro também perde seu meio de vida, se removido para apartamento. Onde ele deixará seu equipamento de trabalho, nesse caso?” indagou. Ela lembrou a existência dos Comitês Populares da Copa e concluiu: “Só cidadãos indignados vão empurrar o poder público e as empresas em outra direção”.

A importância de um planejamento eficaz foi ressaltada tanto pelos integrantes da mesa como por intervenções do público presente. O agravante de se deixar para o último minuto e da pressa também foi apontado. “É essencial uma profunda reflexão sobre o que queremos de fato. E, sobretudo, ser consequente e não fazer nada sem pensar”, disse Francisco Sebok, um dos ouvintes do debate, que atua na área de eventos esportivos.

Por Neuza Arbocz, para o Instituto Ethos

7 respostas a Legado da Copa do Mundo 2014 e da Olimpíada 2016 são tema de dabate na Rio+20

  1. Excelente observações dos envolvidos aos eventos o Brasil espera que os efeitos sejam positivos e que o povo não desista das causas justas.

  2. nicoly martim disse:

    pra mim a copa nao e nada e so um monte de gente correndo atras de uma bola

  3. thais spookwl disse:

    esses negocio ai tem nada a ver , a copa é só uns caras correndo atrás da bola em vez de dar dinheiro para as famílias que moram na rua ficam gastando cm estádios que vão só sentar e ficar gritando por um gol ! >.< aiai

  4. Maria Zilma Gomes Irene disse:

    Fico orgulhosa do Brasil sediar um evento dessa magnitude. Pena que moro no interior e não posso participar pelo menos de um dos jogos da copa. Sou otimista e acredito que, a copa não só alavancará o turismo, como já vem trazendo benefícios para as cidades-sede, na economia, na empregabilidade, na melhoria da infra-estrutura dos estádios e das próprias cidades. Parabéns, governantes! O Brasil hoje é respeitado mundialmente. Muita gente critica, grupos praticam vandalismo ao invés de fazer sua parte para o país melhorar.

  5. Pedro Roberto Pereira de Souza disse:

    Importante sediar estes megas eventos no Brasil. Infelizmente muitos projetos poderiam sair da gaveta mais rápido, mais tudo é movido a pressão. O fato de sediar a Copa do Mundo, a pressão é o caderno da FIFA com suas exigências no transporte, na mobilidade humana e até mesmo das Políticas Publicas que facilitam e oportunizam todas as crianças na pratica da atividade física e esportiva. Utilizar esta ferramenta como meio de formação e educação. É mudar a cultura de um povo e principalmente fazer com que políticos ruins não construam centros esportivos, escolas, hospitais, viadutos e outros de péssima qualidade. Temos que ter padrão FIFA nestes projetos. O futuro vai mostrar estes grandes legados. Precisamos coibir a corrupção, isto sim.

  6. Gilberto disse:

    O legado que a Copa do mundo de Futebol 2014 (FIFA) e as Olímpias Rio 2016 deixara é a instituição da corrupção no Brasil, promovidas pelos os maiores partidos do Brasil. Simples assim!

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