Filtrar por

  • até

Governo do Rio volta atrás de demolições no entorno do Maracanã

cityname-rio-de-janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), vem anunciando seguidas mudanças na proposta de concessão do chamado Complexo Maracanã nas últimas duas semanas. Primeiro, no dia 29/7, anunciou que desistira de demolir o Parque Aquático Júlio de Lamare. Quatro dias depois, Cabral declarou que desistira da demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros. Na última segunda-feira (5/8), foi a vez do anúncio de que a Escola Municipal Friedenreich não sairia do local.

Cabral foi um dos governantes que tiveram maior queda nos índices de aprovação durante os protestos iniciados no mês de junho. Segundo a última pesquisa CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o instituto Ibope, ele teve a pior avaliação entre os 11 governadores avaliados: somente 12% dos fluminenses consideram a sua gestão boa ou ótima.

Quando anunciou que não mais demoliria o parque aquático, Cabral declarou “eu errei em não ouvir, por isso estou voltando atrás”. Segundo ele, a visita do Papa Francisco pelo Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, o fez repensar as decisões.

Desde o inicio o processo de privatização do Estádio foi contestado por inúmeras organizações da sociedade civil, inclusive o Ethos.

No caso da desocupação do antigo prédio do Museu do Índio, em março deste ano, a Polícia Militar entrou em confronto com os manifestantes. A violência policial é um dos alvos dos protestos que continuam a acontecer no Rio de Janeiro.

Concessão para iniciativa privada
Em maio desse ano, o governo do Rio anunciara o consórcio Maracanã S/A como vencedor da proposta de concessão do Maracanã para a iniciativa privada por 35 anos. O grupo, formado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, ganhou o direito de explorar comercialmente o entorno do Estádio, além da própria arena e do Ginásio do Maracanãzinho. Em troca o grupo deveria pagar uma taxa para o Estado de $ 181,5 milhões, em 33 parcelas anuais, além de demolir e reconstruir em outro local da Escola Friedenreich, o Célio de Barros e o Júlio Delamare. Além disso, o consórcio deveria restaurar o antigo prédio do Museu do Índio, construir dois prédios de estacionamento e um local para receber o museu do futebol. A estimativa do governo é que essas obras custariam R$ 594,1 milhões.

Como nenhum dos três equipamentos públicos será demolido, o objeto da licitação mudou, com impactos no plano de negócios.

A concessionária, no entanto, diz que pretende continuar na gestão do projeto: Em nota, divulgada na segunda-feira na noite disse: “A concessionária reitera que permanece à frente da concessão do Maracanã e que vai encontrar uma alternativa à sua viabilização e continuidade após a resolução do Governo de manter tanto a escola, como o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio Delamare”.

Nesta terça (6/8), a concessionária anunciou o acordo com o terceiro grande time do Rio para a utilização do Estádio pelos próximos 35 anos. Depois de Fluminense e Flamengo, o Botafogo também assinou um acordo. O time continuará a utilizar o Estádio João Havelange, construído para os Jogos Panamericanos do Rio em 2007, mas deverá jogar 10 jogos neste ano no Maracanã e 15 no ano que vem.

Museu do Índio
O governo fluminense também mudou de opinião em relação a destinação do prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio do Maracanã. Segundo informações da Secretaria da Cultura, o prédio passaria a ser dedicado exclusivamente para a cultura indígena, e não mais divido com um museu olímpico brasileiro. Em nota, a secretaria explicava: objetivos principais do centro serão os de promover, preservar e difundir a história, os valores, os conhecimentos e todos os aspectos culturais dos indígenas brasileiros, com foco especial nos grupos que vivem ou viveram nas diversas regiões do estado. O centro será ainda um ponto de formação, referência e apoio para os índios contemporâneos”.

Porém, antigos moradores da Aldeia Maracanã voltaram a ocupar o prédio na última segunda-feira. Um grupo de 50 pessoas, incluindo 15 índios, está acampado no local. Tiuré Potiguara informou que os índios que reocuparam a chamada Aldeia Maracanã não querem que o prédio se transforme em um centro de referência da cultura indígena. “A nossa proposta é muito clara: queremos uma universidade que abra a universalidade do conhecimento indígena para todos do meio urbano e, também, para a formação dos índios. Estamos reivindicando esse projeto. O que queremos é que a Secretaria da Cultura ou outros organismos do estado participem, apoiem, mas que ele seja gerido, que ele seja administrado pelas lideranças indígenas”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *