
Em ato contra a Copa em São Paulo, cerca de 50 manifestantes são cercados por policiais. Dentre as pautas estava a exigência de 10% do PIB para educação, a valorização dos professores e garantia de vagas públicas para nas creches e universidade. Foto: Mídia Ninja
Os manifestantes contra a realização a Copa do Mundo de 2014 realizaram uma nova rodada de manifestações pelo Brasil no sábado dia 22/2. Em São Paulo, cerca de 1.500 pessoas participaram do ato. Para a manifestação, a Secretária de Segurança Pública do Estado de São Paulo mobilizou 2.300 policiais que realizaram 262 detenções.
A manifestação foi dispersada pela ação polícia na Rua Xavier de Toledo, região central. Houve depredação de agências bancárias e confronto entre manifestantes e policiais. Um grupo de participantes foi isolado por um cordão formado por homens da Força Tática. A Polícia Militar informou ter encontrado com alguns dos detidos máscaras, spray, estilingues, bolas de gude, correntes e porções de maconha.
Esse foi o primeiro teste da Polícia Militar (PM) da nova estratégia para lidar com manifestações, a chamada “tropa do braço”, que não evita a utilização de bombas de gás lacrimogêneo ou balas de borracha. Os policias dessa tropa são treinados com táticas de imobilização com o intuito de deter pessoas que estejam praticando crimes durante as manifestações sem o uso de armas.
Esse novo modelo de ação policial gerou controvérsia. Enquanto o governo estadual aprovou a ação, a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), criticaram a ação.
Na avaliação do coronel da PM, Celso Luiz Pinheiro, comandante do policiamento da região central da capital paulista, classificou como bem-sucedida a operação da polícia: “Houve menos danos na cidade, menos policiais feridos e menos confronto. Isso para nós, em face das últimas manifestações, já é uma grande realização”, disse. “O uso de munição química foi quase nulo, não teve nenhum tiro de bala de borracha”, acrescentou.
O presidente da OAB paulista, Marcos da Costa, declarou que acredita ter havido excesso na repressão à manifestação. Segundo ele “até pelo número expressivo [de detidos], que corresponde a quase um quarto dos manifestantes, e por nesse número expressivo ainda conter profissionais, como jornalistas, que foram cerceados no seu direito de exercer a profissão, nos parece claro que houve excesso por parte da Polícia Militar”.
Já a Abraji lamentou as agressões ao jornalistas. Segundo o último levantamento, 19 profissionais da imprensa sofreram agressões ou foram detidos agredidos por policiais. Para entidade: “Tentar impedir o trabalho da imprensa é atentar contra o direito da sociedade à informação e, em última análise, à democracia”.
Em entrevista coletiva a imprensa, o Coronel Pinheiro pediu desculpas pela prisão de jornalistas e declarou que eventuais excessos serão investigados pela corporação.
Mais detenções em 2014 que 2013
Com em informações da Secretaria de Segurança Pública, o jornal Estado de S.Paulo fez um levantamento que mostrou que já foram detidas mais pessoas nas manifestações em dois meses de 2014 do que todo o ano de 2013. Nas duas manifestações contra a Copa do Mundo a PM paulista deteve 397 pessoas. Em 22 grandes manifestações no ano passado, a polícia havia detido 374 pessoas.
Um novo ato está marcado para São Paulo no dia 13 de março.
Manifestações em Fortaleza, Natal e Rio de Janeiro
Outras cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 também realizaram atos contra a realização do Mundial. No mesmo sábado dia 22, Natal e Fortaleza tiveram atos pequenos.
Em Natal, a imprensa local relatou a presença de apenas 30 pessoas. Em Fortaleza, os jornais destacaram a queima de uma bandeira brasileira.
Já no Rio de Janeiro, as organizações que trabalham com a defesa de direitos que podem ser afetados com a realização da Copa, juntaram seus esforços com os grupos que reivindicam a revogação do recente aumento das passagens dos ônibus do Rio de Janeiro. Essa frente tem realizado diversos protestos no centro da capital carioca durante o mês de fevereiro. No último dia 25 estiveram presentes no ato alguns dos indígenas que viviam na aldeia Maracanã.
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