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Porto Alegre é a cidade com mais desapropriações por conta da Copa do Mundo de 2014

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Cerca de 10,8 mil famílias foram desalojadas para dar lugar a obras da Copa do Mundo, de acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Porto Alegre foi a cidade com mais desapropriações, 29,8% do total nacional, seguida por Fortaleza, com 19,4%, Rio de Janeiro, com 18,9%, e Recife 14,2%.

Os números, apresentados nesta quinta-feira (10/7) por Carvalho em entrevista coletiva no Centro Aberto de Mídia da Copa, são inferiores às estimativas dos Comitês Populares da Copa de que aproximadamente 250 mil pessoas – ou 62,5 mil famílias, foram desalojadas por causa das construções preparatórias da Mundial de Futebol.

Segundo o ministro, o estudo começou a ser elaborado como um levantamento da situação das pessoas removidas e qual assistência receberam dos governos locais. “Ao fazer esse trabalho de campo, nos deparamos com um número muito menor que o propalado por entidades”, explicou Carvalho.

“É muito grave desalojar uma família, pois não é somente mudar a casa, é mudar o hábito, as amizades. Esse é um tema muito caro e cuidaremos para que nenhuma dessas famílias fique sem a reparação adequada do prejuízo eventual que elas sofreram”, esclareceu o ministro.

Um dado preocupante dos números divulgados pelo governo é que a maior parte das famílias removidas, 68,3%, tem renda menor do que 3 salários mínimos.

Porto Alegre com mais desapropriações
Segundo o estudo do governo federal, a capital gaúcha é a cidade com o maior número de desapropriações: 3.218 famílias tiveram que deixar suas casas por conta da preparação para a Copa do Mundo. Além disso, outros 270 terrenos ou imóveis comerciais foram desapropriados por alguma das dez obras analisadas pelo governo federal em Porto Alegre.

Duas obras respondem pela maior parte das remoções na cidade: o Corredor Avenida Tronco e a Ampliação do Aeroporto Int. Salgado Filho. A primeira, de responsabilidade da prefeitura de Porto Alegre, precisou deslocar 1.669 famílias. A segunda, do governo estadual, removeu 1.476 famílias.

A segunda cidade com mais remoções foi Fortaleza, com 2096 famílias afetadas. Na capital fluminense, a terceira no ranking, foram 2038 famílias e em Recife, 1538. Salvador e Manaus, não foram analisadas pelo governo federal.

Veja a lista completa na tabela a baixo.

Cinco obras
O estudo analisou ao todo 45 obras, inclusive algumas que não aparecem mais na última atualização da Matriz de Responsabilidade, e aponta que 78,2% de todas as remoções foram motivadas por apenas 5 delas: uma no Rio de Janeiro, uma Fortaleza, duas em Porto Alegre e uma em Recife.

A única obra computada pelo governo federal no Rio de Janeiro, o Bus Rapid Transport (BRT) Transcarioca, precisou realocar sozinha 2.038 famílias. O que faz dessa obra a que campeã em desapropriações.

O VLT Parangaba/Mucuripe de Fortaleza é a segunda obra que mais necessitou de remoções, 1.659, seguida das duas obras de Porto Alegre já citadas. Fechando a lista, está o Corredor Via Mangue, de Recife, com 1.323 realocamentos.

Comitês populares contestam os números
Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) lançou uma nota na noite quinta-feira questionando os números apresentados pelo governo federal e mantendo a previsão de 250 mil pessoas com moradias afetadas pelo Mundial. Para os comitês populares, os números do governo são maquiados.

No texto, os movimentos sociais apresentam três pontos principais para a diferença entre o levantamento feito pelos comitês e os números do governo federal. O primeiro ponto é que o governo não contabiliza os deslocamentos das obras para a organização da Olimpíada no Rio de Janeiro, outro é que muitas das remoções previstas em 2011, quando foi feito o levantamento da Ancop, não aconteceram por conta dos protestos e pressão popular. Para os comitês, o número de 250 mil pessoas incluiria removidos ou ameaçados de remoção.

O último ponto que explica a diferença seriam as ações violentas das polícias durante as desapropriações. De acordo com o documento, aos desconsiderando as leis durante os processos, necessariamente implicaria “que houveram remoções em algumas das obras que não foram computadas pelos governos”.

A Ancop crítica ainda o fato do governo federal divulgar os números na véspera do final do Mundial de Futebol. “Estes [números] foram solicitados desde muito por diversos grupos e movimentos. A ausência de diálogo e informações concretas foi a tônica dos Governos Federal e locais durante o processo de construção da Copa do Mundo,” afirma o texto.

Veja o documento divulgado pelo governo federal

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