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Seminário discute transparência das multinacionais brasileiras

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O nível de transparência observado nas empresas está aquém dos padrões esperados para grandes companhias, na avaliação de Susan Cote-Freeman, Diretora da Transparência Internacional.

O nível de transparência observado nas empresas está aquém dos padrões esperados para grandes companhias, na avaliação de Susan Cote-Freeman, Diretora da Transparência Internacional. Foto: Clóvis Barros/Amarribo

A Transparência Internacional (TI) apresentou oficialmente para as empresas brasileiras os resultados do estudo que realizou em outubro passado com 100 multinacionais que mais cresceram entre as companhias de 16 países emergentes, no último dia 11 em São Paulo.

A apresentação aconteceu durante o seminário “Transparência Corporativa: como está o desempenho das multinacionais nos mercados emergentes?”, organizado pela Amarribo Brasil, com apoio da TI , da agência de cooperação alemã GIZ e do Instituto Ethos.

O relatório sobre transparência em corporações analisou 13 empresas brasileiras: Brasil Foods, Grupo Camargo Correa, Coteminas, Embraer, Gerdau, JBS, Magnesita Refratários, Marcopolo, Natura, Grupo Odebrecht, Petrobras, Grupo Votorantim e Weg.

Além do Brasil, também foram analisadas companhias dos seguintes países: Arábia Saudita, Argentina, África do Sul, Chile, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, Hungria, Malásia, México, Rússia, Tailândia e Turquia.

Susan Cote-Freeman, dirigente da TI, fez a apresentação da pesquisa para um auditório atento, composto por executivos de áreas jurídicas e de compliance.

Cote-Freeman ressaltou que o nível de transparência observado nas empresas – não só nas brasileiras – está aquém dos padrões esperados para grandes companhias e que esse deve ser um ponto de melhoria a ser trabalhado pelas empresas daqui. “Faltam, principalmente informações financeiras em bases comparativas”, explicou a representante da TI. “Sem esses dados, não se constrói uma boa governança com gestão de risco contra a corrupção”, alertou ela.

O evento também contou com uma etapa de debate em grupo entre os participantes. Nas discussões coletivas foram listados alguns obstáculos que precisam ser superados para uma gestão mais transparente. Um deles é o argumento de que a divulgação de informações financeiras põe a empresa em desvantagem competitiva. Tanto que as companhias com bom desempenho na divulgação de informações financeiras e socioambientais não perderam competitividade, pelo contrário, até a ampliaram.

A empresa precisa estar próxima de seus públicos de interesse para entender quais informações são importantes a eles e divulgá-las. Com isso, melhora sua transparência e função de manter a sociedade informada a respeito das suas atividades e impactos.

Os grupos também concluíram que as práticas de transparência precisam ser encorajadas em toda a cadeia produtiva, com os grandes liderando os pequenos nessa empreitada. As boas práticas das maiores companhias brasileiras devem ser discutidas e compartilhadas entre todas as empresas, de qualquer natureza e porte, para o avanço de uma nova cultura de gestão no país, em favor da transparência e da publicidade das informações.

Dados do estudo
O estudo da TI foi baseado numa coleta de dados orientada por um questionário dividido em três eixos:

  • Programas anticorrupção, que avalia o as políticas de prevenção da corrupção e compliance das empresas;
  • Transparência corporativa, que analisa a divulgação das informações operacionais da empresa, tais como estruturas de controle acionário e filiais;
  • Operações Financeiras, que avalia a publicação de informações financeiras entre os países onde as empresas atuam.

As empresas brasileiras foram bem avaliadas no primeiro eixo, com média de 5,4. No segundo eixo, as companhias obtiveram 4,5 pontos, mas quatro delas tiraram a maior nota alcançada nessa variável: 7,5. Foram Embraer, Gerdau, Marcopolo e Natura. No último eixo, sobre operações financeiras, as empresas brasileiras tiveram um mau desempenho; muitas tiraram zero e, com, isso, baixaram a própria nota e a nota do país.

Como a maioria das empresas dos demais países, as brasileiras ficaram com a média geral abaixo de 5. A Marcopolo foi a companhia brasileira mais bem classificada, com 4,6 pontos.

Vale ressaltar que, das 13 empresas brasileiras avaliadas, 4 são signatárias do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, iniciativa do Instituto Ethos em parceria a Controladoria Geral da União (CGU) e Pacto Global da ONU: Brasil Foods, Gerdau, Natura e Petrobras.

Das 100 empresas analisadas, 75 eram empresas dos BRICs, o grupo de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que contribuíram em 50% no crescimento mundial desde a crise econômica de 2008.

Entre os cinco países dos BRICs, a Índia foi aquele com as empresas mais bem avaliadas, obtendo a nota média de 5,4. O Brasil ficou em quarto lugar, 3,4 pontos p de média, acima apenas das empresas chinesas que tiveram média 2.

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