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Transparência Internacional lança relatório global sobre corrupção no esporte

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Um estudo aprofundado sobre como o esporte se tornou um terreno fértil para a corrupção, e como podemos agir para mudar isso, foi lançado na última terça-feira (23/2) pela organização não governamental Transparência Internacional. No mesmo dia, foi lançada uma nova pesquisa com torcedores pelo mundo que aponta a pouca confiança nos organismos internacionais de futebol como a FIFA.

“O esporte deveria um vetor de coisas boas, no entanto os últimos escândalos, não apenas no futebol mas também no atletismo e no tênis, mostram como esse ambiente é vulnerável a corrupção. Isso precisa acabar agora”, defendeu Cobus de Swardt, diretor administrativo da Transparência Internacional.

  • Veja o Relatório Global sobre Corrupção no Esporte em inglês neste link.

Para tentar encontrar um caminho de como seria possível combater a corrupção nos esportes, o relatório reúne diversos estudos que buscam as raízes desse problema. Os mais de 60 artigos foram escritos por acadêmicos, ativistas, atletas e ex-atletas, jornalistas e mesmo membros do Comitê Olímpico Internacional.

Muitos desses artigos tratam do Brasil, como poderia se imaginar, já que o país recebe na sequência os dois maiores eventos esportivos do mundo. Dois deles tratam exclusivamente sobre a experiência brasileira. O pesquisador da Universidade de Zurique, Christopher Gaffney, autor do artigo The Brazilian experience: Brazil as ‘role model’ (A experiência Brasileira: Brasil como “modelo”), aponta como as dificuldades encontradas na organização da Copa do Mundo no nosso país podem acontecer nos próximos países-sede. Já o artigo Rio 2016 and the birth of Brazilian transparency (Rio 2016 e o nascimento da transparência brasileira), escrito por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Richmond nos EUA, defende que as atuais mudanças na legislação brasileira, como as leis Anticorrupção e de Acesso à Informação, estão em consonância com um desejo manifesto pela população em ato públicos do combate a corrupção.

O Brasil não foi apenas objeto de estudo. Dois jornalistas brasileiros também escreveram para a publicação. Juca Kfouri, da Folha de S.Paulo e do UOL, é o autor do artigo Impunity and corruption in South American football governance (Impunidade e corrupção na governança do futebol sul-americano), já Jamil Chade, correspondente do jornal o Estado de S.Paulo, contribuiu com o texto Offside: FIFA, marketing companies and undue influence in football (Fora do Jogo: FIFA, empresas de marketing e influência indevida no futebol).

O Instituto Ethos também contribuiu para esse relatório, descrevendo a experiência do projeto Jogos Limpos dentro e fora dos estádios. Entre outros assuntos,texto comenta os avanços conseguidos na transparência municipal e estadual com os Indicadores de Transparência e também a criação dos acordos setoriais. O relato se encontra ao final do texto escrito pelos pesquisadores de Richmond (veja no link).

Recomendações
Ao final do relatório, a Transparência Internacional lista seis medidas para combater a corrupção nos esportes:

  • Ampliar as ações de fiscalização independentes da governança internacional do esporte;
  • Criar critérios rigorosos e transparentes para que alguém possa ser eleito para cargo de direção da entidade e fazer a verificação ética de todos as pessoas em cargos de decisão;
  • Ampliar a transparência financeira em todas as entidades esportivas, quanto de dinheiro elas ganham e como ele é gasto, com detalhamento muito superior ao mínimo exigido pelas leis dos países em que estão sediadas;
  • Garantir a participação da sociedade civil nas licitações dos grandes eventos esportivos e a exigência formal de garantis para acabar com a corrupção e as violações de direitos humanos, trabalhistas, sociais e ambientais;
  • Os patrocinadores precisam promover a integridade e aplicar nas entidades esportivas os mesmos critérios éticos e legais que utilizam em suas cadeias de valor;
  • Deve-se se estudar melhor a necessidade da criação de uma agência global anticorrupção específica para o esporte

De acordo com a assessoria de imprensa da Transparência Internacional esses critérios serão usados para avaliar os primeiros cem dias da gestão do novo presidente da FIFA, Gianni Infantino, eleito nesta sexta-feira (26/2).

Confiança dos torcedores
A ONG divulgou no mesmo dia o resultado de uma pesquisa feita em conjunto com o Forza Football, um aplicativo de celular, sobre a confiança dos torcedores nas organizações do futebol. A grande maioria, 69% não tem nenhuma confiança na FIFA, mas metade (50%) das pessoas que responderam acreditam que a entidade pode recuperar a sua reputação.

Outro número importante é que 43% dos entrevistados dizem que os escândalos de corrupção afeta a maneira como eles torcem e assistem o futebol. Participaram 25 mil pessoas de 28 países entre os dias 8 e 17 de fevereiro.

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